domingo, 4 de julho de 2010

perpétuo inesperado

Ele quer ter um filho e um sítio...
Ele sente que nada mais no mundo será capaz de lhe dar essa paz que ele ainda não viveu, mas imagina... pois sente isso no fundo do coração onde a alma esconde os mais profundos dos desejos, imagina pois sente na pele uma vontade inexplicável de ser e de ser útil. Tudo que ele quer é ver o menino correndo pra lá e pra cá atrás das galinhas, observando um formigueiro, subindo nas árvores, andando descalço na terra firme e na areia que afunda... E quer ver o menino soltar pipa na grama verdinha do campinho cheia de orvalho, numa manhã ensolarada... num domingo talvez. E que neste domingo o céu esteja azul... tão azul quanto uma piscina limpa e fresca... e que esteja ventando um pouco, pro menino respirar o ar puro que as árvores tratarão de 'fazer'. Ele sente que nada poderá trazer paz equivalente a de ver o menino gritando seu nome e chamando-o para ver um casulo na parede da varanda do sítio. Ele sabe que não haverá no mundo emoção mais pura de ver a boca do menino suja, RINDO, com os dentes cheios de fiapos de manga, chupando a fruta doce na sombra da mangueira...


Quer ser chamado de pai.
Quer acalmar o choro e dizer 'shhhhiu pronto, passou'  para então entender quem sabe, o inexplicável

ouvir o silêncio de uma criança
sentir o cheiro que possuem as palavras quando vindas de bocas inocentes
Ter a vista do próprio eu espelhado e espalhado.
ver a beleza de um sentimento que é continuação do seu ser, do seu eu profundo...da alma.
Perpétuo inesperado do amor. Sempre esperado. Sempre desejado.

ele quer um sítio e um filho.
ser feliz.


(RMLAURELLI)

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