sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Houve um dia em que um senhor que vendia verduras passou na minha casa, e isso foi muito útil. Foi o que aconteceu. Quase todas as manhãs aquele senhor de cabelinhos brancos passava na minha casa para oferecer frutas, verduras e legumes limpos e frescos. Tudo baratinho, sem agrotóxicos. Com o tempo percebi que ele não estava lá só para vender. Quando eu estava em casa e ouvia ele chamar a minha mãe, eu então ficava atenta. Ela o atendia sempre sorridente. Eu corria na janela, sem deixar que eles me vissem e ficava observando a situação. Foram ficando mais íntimos, começaram a falar mais, começaram a dar risadas e gargalhadas altas. E eu só observando. Minha mãe começou a cozinhar mais feliz, já não pedia pra mim nem para minha irmã que fizesse o almoço. Não precisávamos nem ajudá-la, ela não fazia mais questão. Cozinhava com o rádio ligado e alto, acompanhando as músicas. Confesso, eu sabia o que estava acontecendo e não contei à ninguém. Eles não puderam evitar e eu muito menos porque eles não imaginavam que eu estava sempre ali vendo tudo isso.Tenho para mim que eles não estavam nem cientes do sentimento que os envolvia, e do quanto era intenso. E essa cena se repetiu por alguns meses até que ele passou a ir em casa com menos frequência. Se antes ele ia todos os dias agora ele ia três, ou duas vezes por semana. Logo passou a ir uma vez por semana e por um mês ele não apareceu. Me cunfundi. Ontem quando cheguei em casa para o almoço vi o carro do meu pai e o carrinho do senhor de cabelinhos brancos. Mesmo que ele tivesse passado a frequentar menos a minha casa eu sabia que no horário do almoço não era exatamente a hora que ele costumava passar, até porque ele vendia coisas para fazer o almoço, e o almoço ja estaria pronto naquela hora. Alguma coisa tinha acontecido, estava acontecendo e eu estava com medo de entrar em casa. Entrei. Estavam os três na sala. Meu pai parecia uma estátua. O senhor estava com a cabeça baixa e por estar dentro de casa dessa vez ele segurou seu boné na mão, demonstrando respeito. Ele usava boné porque andava no sol, e o sol judiava. Minha mãe estava branca, parecia que ia desmaiar. Ele então passou por mim sem me olhar, pegou o carrinho e seguiu seu rumo. Empurrando com uma certa dificuldade aquele carrinho que ja estava vazio, foi indo tão devagar que parecia não querer ir embora nunca mais. O que eu mais temia aconteceu: Afeto. Minha mãe abraçou meu pai fortemente e começou a chorar. Meu pai tentou acalmá-la mas ela estava incontrolavelmente triste. Eu cheguei no fim da conversa, não sabia o que aquilo representava. Eis que minha irmã me chamou no quarto e me falou: “Ele veio agradecer porque está indo embora, não vai mais vender verduras. Disse que ultimamente sentiu umas dores fortes no peito, e tonturas. O médico pediu a ele que parasse de trabalhar, até porque ele já viveu oitenta primaveras e esse serviço é muito puxado para um senhor com a saúde fragil… A mãe ficou com pena…” Fui pro meu quarto e refleti por alguns minutos, logo compreendi. Minha irmã não entendeu o ocorrido. Minha mãe não ficou com pena daquele senhor, ela chorou porque seu amigo já é um idoso e está doente. Eu disse amigo. É, amigo. Minha mãe que na maioria das vezes atravessa a rua pra não comprimentar as pessoas que ela conhece, dessa vez, percebeu-se surpreendida por um sentimento de uma compaixão imensa e uma sintonia inexplicável, a amizade. Aquele senhor não ia mais voltar. Acho que ela enxergou nele o meu avô, talvez isso explique o porquê do desespero de não vê-lo mais. Creio que ela sempre negou aproximação com as pessoas por isso, por medo de perdê-las e foi exatamente isso que ela sentiu naquele momento em que o vendedor de verduras anunciou que não voltaria mais. Ela se viu perdendo. Minha mãe não é o tipo de pessoa que pede telefone, pega o endereço e faz visitas por isso ela estava chorando. Tinha acabado de se despedir, provavelmente para sempre, daquele senhor que ela tanto gostava, aquele senhor esforçado, simples e sábio que ia todas as manhãs vender verduras e dar alegrias. E foi isso que eu temi o tempo todo, esse sofrimento, essa separação. Mas não evitei nem impedi, porque ela sentiu em alguns meses o que eu já havia sentido por muitos anos, o prazer de se ter uma amizade peculiar. Quando fui sair para o serviço, enquanto ela tomava o café da manhã eu repeti a ela uma frase que até então ela não entendia: ‘Muitas pessoas vão morrer sem entender o que é, muitas já morreram e não tiveram essa virtude’. Hoje mais calma ela sorriu e disse: ‘Filha você tem razão…’  (rmlaurelli)

terça-feira, 14 de setembro de 2010

desejo a você...

Desejo a você que um dia perceba seu peito ardendo em fogo querendo entrar em erupcao (emocional).

Desejo que sinta o coracao e os pulmoes  entrando em guerra (plena).

Desejo que você sinta o coraçao provocando os pulmoes a respirarem (intensamente) ...

e que sinta os pulmoes gritarem ao coraçao por batidas (frenéticas).

Desejo que sinta sua mente chuviscando dúvidas (efêmeras)...

formando inúmeras poças (de incertezas).

Desejo que você sinta a força de um tsunami de possibilidades (inconvenientes).

Desejo que você ao olhar uma flor desabrochando vida em cores sinta comoçao (de arco íris).

Desejo que ao ver um casal abraçado na fila da lotérica você sinta um coração sorrir (o seu).

Desejo que um dia você veja um sorriso, maroto que seja, que lhe cause tornado na barriga, fisiologicamente falando, panapaná no estomago.

Desejo a você sentimento inexplicável

sinestesia aflorada

sensações à flor da pele

Desejo a você arrepios e descontrole

Desejo que você de tão saudável sinta as pernas bambas

Desejo vontade de existir. Vontade de sentir

que lhe faça contar pernas de joaninha, contar pétalas de flores
que lhe faça ler a bula do remedio e analisar as calorias do alimento
que lhe faça feliz quando ignorante e ignorante quando feliz, incontrolavelmente

Desejo tudo isso a você a sensação do indefinivel, acima das metáforas e comparações, acima de todas as regras...e tudo mais. Desejo a você o verbo indispensavel pra todo esse sentimento:PERMITIR.
Permita-se APAIXONAR


(rmlaurelli)

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Hoje está tudo normal, como manda a conveniencia. Além do céu azul tudo está politicamente correto... pessoas indo trabalhar, os senhores da classe media alta estão tomando café no Vadinho,de roupa social, os aposentados estão chegando, os taxistas pondo o assunto em dia, os motoboys esperando ligações, os funcionarios esperando do lado de fora das lojas dar o horario para entrar no serviço, a livraria ainda esta fechada e nao tem ninguem olhando as vitrines, os pedreiros da obra estao martelando, as barraquinhas estao sendo montadas e está tudo tão igual! A gerente da Caixa acabou de passar do meu lado negríssimamente glamourosa, quando saía do Café Presidente. Os skatistas já estao sentados nos banquinhos, há alunos matando aula em frente a escola sentados em grupo dando risadas altas e nao há sinal do carro da patrulha escolar. Os idosos, senhores, já estao tomando o sol da manhã e contando causos uns aos outros, de suas aventuras de Hercules da juventude. As senhoras também estao tomando sol, tricotando palavras. As babás, tecnicas em enfermagem e enfermeiras já estao trabalhando, brincando com as crianças. O funcionario da escola aguando a grama, isso mesmo, a grama. E tem eu aqui tão indiferente quanto tudo isso junto e multiplicado... Tem eu aqui indiferente que hoje me peguei me observando observar tudo que está a partir da margem da minha pele, todo o exterior, o mundo cru dessa vida crua cheia de conveniencias. Essa rotina, essa coisa toda que eu tenho repugnancia, mas hoje não tanto, porque é sexta feira. E está por dentro tudo tão estável que o que me faz acreditar que eu estou sob controle porque a minha mente hoje chuviscou os pensamentos cotidianos mas com boa dose de  discernimento...E hoje eu gostaria de falar pra minha alma que ainda nao acordou nessa manhã, que eu estou feliz mesmo cheia de dúvidas, que ela não mais me fará angustiada quando me apontar a razão, porque eu já compreendi que quando eu observo eu entendo, e hoje eu entendi que eu nao sou triste, embora quase sempre estou. Estar é um estado. Eu posso mudá-lo, e faço isso sempre que observo com discernimento, no fim vejo que todos se esforçam, todos trabalham, todos tem duvidas e angustias, todos gostam de sexta feira, todos gostam de uma manha de céu azul. No fim todos queriam não fazer nada, ou tudo. Não sou diferente, logo observo. (rmlaurelli)

sexta-feira, 23 de julho de 2010

trechos de Os Pensadores - PLATÃO

"...Por intermédio de Sócrates e de sua incessante ação como perquiridor de consciências e crítico de idéias vagas ou preconcebidas, o primado da política torna-se, para Platão, o primado da verdade, da ciência. Se o interesse de Platão foi inicialmente dirigido para a política, através da influência de Sócrates ele reconhece que o importante não era fazer política, qualquer política, mas política. Por isso é que justamente se recusa a participar, na mocidade, de atividades políticas: PRIMEIRO TEM DE ENCONTRAR OS FUNDAMENTOS TEÓRICOS DA AÇÃO POLÍTICA - E DE TODA AÇÃO - PARA ORIENTÁ-LO RETAMENTE. A FILOSOFIA PARA PLATÃO REPRESENTOU, ASSIM, DE INÍCIO, A AÇÃO ENTRAVADA, A QUE SE RENUNCIA APENAS PARA PODER VIR A SER REALIZADA COM PLENITUDE DE CONSCIÊNCIA. " ( pag. 10 e 11 )

"A educação deveria, em última intância, basear-se numa episteme (ciência) e ultrapassar o plano instável da opnião (doxa). E a política poderia deixar de ser o jogo fortuito de ações motivadas por interesses nem sempre claros e frequentemente pouco dignos, para se transformar numa ação iluminada pela verdade e um gesto criador de harmonia, justiça e beleza. " ( pag.13 )


Esses pensamentos de Platão vigoraram por volta de 387 a.C , quando ele fundou em Atenas a Academia, sua própria escola de investigação científica e filosófica.  Essa intituição é testemunhada pela concepção da atividade intelectual:  antes de tudo busca a inquietação, reformulação permanente e multiplicação das vias de abordagem dos problemas, a filosofia sendo fundamentalmente filosofar - esforço para pensar mais profunda e claramente.

Generalizando, assim podemos ver como estamos decaindo em relação aos conceitos que deveriam  basicamente, serem lei: a educação..a filosofia... o pensamento correto...Tudo isso dito e filosofado por ele é baseado em conhecimento prévio, muita leitura... e hoje temos um presidente semi-analfabeto que. em pleno ato de democracia, foi colocado no poder por nós mesmos. Decaindo, ora...





quinta-feira, 22 de julho de 2010

há um tempo vivendo de carnavais

Preciso sair do meio termo
desse buraco fundo e úmido
onde estão pulando carnaval, todas as minhas dúvidas...
Nuas, semi-nuas
Fantasiadas, coloridas
brilhantes, enfeitadas
mas todas elas, desavergonhadas
Desfilando na avenida
com os braços pra cima
exalando uma emoção
de simplesmente, existirem em mim
de simplesmente, saberem que me ocupam por inteira
e não querem que isso acabe
Elas todas sorriem para mim
As minhas dúvidas passam nessa avenida vida
me olhando nos olhos, enxergando minha alma
vendo o que eu ainda não vi
vendo o que eu nem sei se tenho
E brincam
e desfilam
E sorriem para mim
Sorriem para foto
Sambam com o som da verdade
e o enredo é sempre as entrelinhas...
e a alegoria é sempre uma fraqueza...
e a melodia é sempre doce...
e a evolução é sempre constante...

E É FESTA SEMPRE
que eu me entristeço
porque sou possuidora de dúvidas
que desfilam na avenida
que me enxergam a alma
que sabem que me ocupam
e que me ocupam porque existem

eu preciso sair das entrelinhas



(rmlaurelli 22/07/2010)

quarta-feira, 21 de julho de 2010

dizem que os dedos sentem sabor

Mais uma bela composição...

Construção 
(Composição: Chico Buarque)
 
Amou daquela vez como se fosse a última
Beijou sua mulher como se fosse a última
E cada filho seu como se fosse o único
E atravessou a rua com seu passo tímido
Subiu a construção como se fosse máquina
Ergueu no patamar quatro paredes sólidas
Tijolo com tijolo num desenho mágico
Seus olhos embotados de cimento e lágrima
Sentou pra descansar como se fosse sábado
Comeu feijão com arroz como se fosse um príncipe
Bebeu e soluçou como se fosse um náufrago
Dançou e gargalhou como se ouvisse música
E tropeçou no céu como se fosse um bêbado
E flutuou no ar como se fosse um pássaro
E se acabou no chão feito um pacote flácido
Agonizou no meio do passeio público
Morreu na contramão atrapalhando o tráfego

Amou daquela vez como se fosse o último
Beijou sua mulher como se fosse a única
E cada filho seu como se fosse o pródigo
E atravessou a rua com seu passo bêbado
Subiu a construção como se fosse sólido
Ergueu no patamar quatro paredes mágicas
Tijolo com tijolo num desenho lógico
Seus olhos embotados de cimento e tráfego
Sentou pra descansar como se fosse um príncipe
Comeu feijão com arroz como se fosse o máximo
Bebeu e soluçou como se fosse máquina
Dançou e gargalhou como se fosse o próximo
E tropeçou no céu como se ouvisse música
E flutuou no ar como se fosse sábado
E se acabou no chão feito um pacote tímido
Agonizou no meio do passeio náufrago
Morreu na contramão atrapalhando o público

Amou daquela vez como se fosse máquina
Beijou sua mulher como se fosse lógico
Ergueu no patamar quatro paredes flácidas
Sentou pra descansar como se fosse um pássaro
E flutuou no ar como se fosse um príncipe
E se acabou no chão feito um pacote bêbado
Morreu na contra-mão atrapalhando o sábado

segunda-feira, 19 de julho de 2010

- Footprints by Mary Stevenson

One night a man had a dream. He dreamt he was walking along the beach with the Lord. Across the sky flashed scenes from his life. For each scene he noticed two sets of footprints on the sand — one belonging to him and the other to the Lord. When the last scene had flashed before him, he looked back at the footprints and he noticed only one set. He also noticed that this happened during the lowest and saddest times of his life. This bothered him and he questioned the Lord.

“Lord, you said that once I decided to follow you, you would walk all the way with me, but I noticed that during the most troublesome times of my life there was only one set of footprints. I don’t understand why, when I needed you most, you deserted me.”

The Lord replied:


“My precious child, I love you and would never leave you. During your times of trial and suffering, when you see only one set of footprints, those were the times when I carried you in my arms.”

19/07/2010

http://tinyurl.com/2dl78mp

quarta-feira, 14 de julho de 2010

14/07/2010

O maior abismo que existe é a boca!
É possível CAIR-SE para dentro, ou em alguns casos, ATIRAR-SE.
(RMLAURELLI)

segunda-feira, 12 de julho de 2010

sunlight

Aproveite a luz do sol, aproveite, aproveite a luz do sol. Respire a luz do sol, expire. Olhe e deixe arder os olhos. Aproveite a luz do sol, tome sol. Deixe ele esquentar seu corpo, o calor é humano. Aproveite, o calor do sol. Deixe a luz entrar na sua cabeça, a luz do sol. Deixe mudar a sua cabeça essa luz. Aproveite a luz que tem de manhã, quando ele nascer. E quando ele estiver indo, olhe. Ele volta amanhã, mas aproveite hoje ainda, a luz do sol. 
(RMLAURELLI)

sexta-feira, 9 de julho de 2010

multi


Gota na folha,
Folha na árvore,
Galhos ásperos
Insetos e instintos...
Tudo muito programado, muito bem colorido.
Nao sei o que lhe traz aqui.
Há um mundo lá fora...incansável
Vá beber água da mina e sentir a transparencia entrando no seu corpo, gelando, cortando, revitalizando...
Vá caminhar entre as árvores e sentir a sensação do fluorescente na pele...
Vá olhar um formigueiro, e sentir a ardencia de todas as picadas...
Porque o mundo é chuva, sol e chuva.
Há um arco-iris que é a aliança entre Deus e os homens.
O Sol que nasce e morre e ressucita você pode sentir sem segredo, sem calúnia
E pode ver isso se respirar bem fundo.
Acredite.
Há um mundo lá fora incansavelmente colorido.
E ele é multicolorido. Respire e veja como ele é multicolorido.

(RMLAURELLI)

e então...

suponho que as pessoas estejam coletivamente adormecidas para a realidade do mundo em vista de que veem o que querem e não a realidade dos fatos. Eu não valorizo pessoas que não sabem admirar o que está acima de nossas cabeças, multicolorido. Muito menos pessoas que não entendem a GRANDEZA de uma fruta, e sua semente. Não importa a forma, mas a consequência. Não entenderão! O que eu quero dizer está escondido entre as letras, por trás delas e também no vazio que separa as palavras...
(RM LAURELLI)

quarta-feira, 7 de julho de 2010

Sinestesia

Ver a cor do sabor...
Sentir o sabor das cores...
Ouvir o som do aroma...
Ver as cores do som...


A sinestesia é assim, uma confusão no processamento dos dados dos sentidos e pode aparecer nas mais variadas formas. Trata-se numa disfunção cerebral, na parte mais primitiva do cérebro, o sistema límbico, que mistura sensações e a mediação das emoções.Nem todos vêem o mundo da mesma maneira. A partir do estímulo de um cheiro, som, número, ou de uma letra, há quem veja cores. Os sinestésicos sentem-se privilegiados com esta percepção do mundo e acrescentam que não queriam ver o mundo a preto e branco como os restantes... Sentir a música como uma pressão, uma picadela no corpo, ver letras e números que evocam cores diferentes, ou paladares com cores, é algo que à partida pode parecer estranho...

Uma, em cada duas mil pessoas, sofrem de sinestesia. Esta palavra vem do Grego syn (unido) e aisthesis (percepção), formando a expressão percepção unida. Se os Românticos viam os sinestésicos como pessoas de percepção elevada, mais próximos da divindade e numa vanguarda da espiritualidade humana, o que de facto, distingue os sinestésicos da maioria, é uma disfunção cerebral que leva a que um, ou mais sentidos, se misturem aquando um estímulo. 

"Não me recordo do seu nome, mas lembro-me muito bem da sua cor..., como é mesmo o seu nome?" Este pode ser um comentário feito por um sinestésico. Esta frase serve também para exemplificar que pode ser frequente, um sinestésico lembrar-se da sua impressão secundária (cor, cheiro, paladar) em vez da primária, ou seja, o objecto em si...

terça-feira, 6 de julho de 2010

COMO VEJO O MUNDO ( ALBERT EINSTEIN )

CAPÍTULO I

Minha condição humana me fascina. Conheço o limite de minha existência e ignoro por que
estou nesta terra, mas às vezes o pressinto. Pela experiência cotidiana, concreta e intuitiva, eu me
descubro vivo para alguns homens, porque o sorriso e a felicidade deles me condicionam
inteiramente, mas ainda para outros que, por acaso, descobri terem emoções semelhantes às minhas.
E cada dia, milhares de vezes, sinto minha vida — corpo e alma — integralmente tributária do
trabalho dos vivos e dos mortos. Gostaria de dar tanto quanto recebo e não paro de receber. Mas
depois experimento o sentimento satisfeito de minha solidão e quase demonstro má consciência ao
exigir ainda alguma coisa de outrem. Vejo os homens se diferenciarem pelas classes sociais e sei
que nada as justifica a não ser pela violência. Sonho ser acessível e desejável para todos uma vida
simples e natural, de corpo e de espírito.
Recuso-me a crer na liberdade e neste conceito filosófico. Eu não sou livre, e sim às vezes
constrangido por pressões estranhas a mim, outras vezes por convicções íntimas. Ainda jovem,
fiquei impressionado pela máxima de Schopenhauer: “O homem pode, é certo, fazer o que quer,
mas não pode querer o que quer”; e hoje, diante do espetáculo aterrador das injustiças humanas, esta
moral me tranquiliza e me educa. Aprendo a tolerar aquilo que me faz sofrer. Suporto então melhor
meu sentimento de responsabilidade. Ele já não me esmaga e deixo de me levar, a mim ou aos
outros, a sério demais. Vejo então o mundo com bom humor. Não posso me preocupar com o
sentido ou a finalidade de minha existência, nem da dos outros, porque, do ponto de vista
estritamente objetivo, é absurdo. E no entanto, como homem, alguns ideais dirigem minhas ações e
orientam meus juízos. Porque jamais considerei o prazer e a felicidade como um fim em si e deixo
este tipo de satisfação aos indivíduos reduzidos a instintos de grupo.
Em compensação, foram ideais que suscitaram meus esforços e me permitiram viver.
Chamam-se o bem, a beleza, a verdade. Se não me identifico com outras sensibilidades semelhantes
à minha e se não me obstino incansavelmente em perseguir este ideal eternamente inacessível na
arte e na ciência, a vida perde todo o sentido para mim. Ora, a humanidade se apaixona por
finalidades irrisórias que têm por nome a riqueza, a glória, o luxo. Desde moço já as desprezava.
Tenho forte amor pela justiça, pelo compromisso social. Mas com muita dificuldade me
integro com os homens e em suas comunidades. Não lhes sinto a falta porque sou profundamente
um solitário. Sinto-me realmente ligado ao Estado, à pátria, a meus amigos, a minha família no
sentido completo do termo. Mas meu coração experimenta, diante desses laços, curioso sentimento
de estranheza, de afastamento e a idade vem acentuando ainda mais essa distância. Conheço com
lucidez e sem prevenção as fronteiras da comunicação e da harmonia entre mim e os outros homens.
Com isso perdi algo da ingenuidade ou da inocência, mas ganhei minha independência. Já não mais
firmo uma opinião, um hábito ou um julgamento sobre outra pessoa. Testei o homem. É
inconsistente.
A virtude republicana corresponde a meu ideal político. Cada vida encarna a dignidade da
pessoa humana, e nenhum destino poderá justificar uma exaltação qualquer de quem quer que seja.
Ora, o acaso brinca comigo. Porque os homens me testemunham uma incrível e excessiva
admiração e veneração. Não quero e não mereço nada. Imagino qual seja a causa profunda, mas
quimérica, de seu sentimento. Querem compreender as poucas idéias que descobri. Mas a elas
consagrei minha vida, uma vida inteira de esforço ininterrupto.
Fazer, criar, inventar exigem uma unidade de concepção, de direção e de responsabilidade.
Reconheço esta evidência. Os cidadãos executantes, porém, não deverão nunca ser obrigados e
poderão escolher sempre seu chefe.

Ora, bem depressa e inexoravelmente, um sistema autocrático de domínio se instala e o ideal
republicano degenera. A violência fascina os seres moralmente mais fracos. Um tirano vence por
seu gênio, mas seu sucessor será sempre um rematado canalha. Por esta razão, luto sem tréguas e
apaixonadamente contra os sistemas dessa natureza, contra a Itália fascista de hoje e contra a Rússia
soviética de hoje. A atual democracia na Europa naufraga e culpamos por esse naufrágio o
desaparecimento da ideologia republicana. Aí vejo duas causas terrivelmente graves. Os chefes de
governo não encarnam a estabilidade e o modo da votação se revela impessoal. Ora, creio que os
Estados Unidos da América encontraram a solução desse problema. Escolhem um presidente
responsável eleito por quatro anos. Governa efetivamente e afirma de verdade seu compromisso.
Em compensação, o sistema político europeu se preocupa mais com o cidadão, com o enfermo e o
indigente. Nos mecanismos universais, o mecanismo Estado não se impõe como o mais
indispensável. Mas é a pessoa humana, livre, criadora e sensível que modela o belo e exalta o
sublime, ao passo que as massas continuam arrastadas por uma dança infernal de imbecilidade e de
embrutecimento.
A pior das instituições gregárias se intitula exército. Eu o odeio. Se um homem puder sentir
qualquer prazer em desfilar aos sons de música, eu desprezo este homem... Não merece um cérebro
humano, já que a medula espinhal o satisfaz. Deveríamos fazer desaparecer o mais depressa
possível este câncer da civilização. Detesto com todas as forças o heroísmo obrigatório, a violência
gratuita e o nacionalismo débil. A guerra é a coisa mais desprezível que existe. Preferiria deixar-me
assassinar a participar desta ignomínia.
No entanto, creio profundamente na humanidade. Sei que este câncer de há muito deveria ter
sido extirpado. Mas o bom senso dos homens é sistematicamente corrompido. E os culpados são:
escola, imprensa, mundo dos negócios, mundo político.
O mistério da vida me causa a mais forte emoção. É o sentimento que suscita a beleza e a
verdade, cria a arte e a ciência. Se alguém não conhece esta sensação ou não pode mais
experimentar espanto ou surpresa, já é um morto-vivo e seus olhos se cegaram. Aureolada de temor,
é a realidade secreta do mistério que constitui também a religião. Homens reconhecem então algo
de impenetrável a suas inteligências, conhecem porém as manifestações desta ordem suprema e da
Beleza inalterável. Homens se confessam limitados e seu espírito não pode apreender esta
perfeição. E este conhecimento e esta confissão tomam o nome de religião. Deste modo, mas
somente deste modo, soa profundamente religioso, bem como esses homens. Não posso imaginar
um Deus a recompensar e a castigar o objeto de sua criação. Não posso fazer idéia de um ser que
sobreviva à morte do corpo. Se semelhantes idéias germinam em um espírito, para mim é ele um
fraco, medroso e estupidamente egoísta.
Não me canso de contemplar o mistério da eternidade da vida. Tenho uma intuição da
extraordinária construção do ser. Mesmo que o esforço para compreendê-lo fique sempre
desproporcionado, vejo a Razão se manifestar na vida.

segunda-feira, 5 de julho de 2010

dos outros, e remendado de mim.

a ordem dos fatores não altera o produto

a ordem das árvores não altera o passarinho

a ordem das cores não altera o arco íris

a ordem das crianças não altera a fila

a ordem dos carros não altera o congestionamento

a ordem das flores não altera o jardim

já a desordem me altera.

(RMLAURELLI)

domingo, 4 de julho de 2010

perpétuo inesperado

Ele quer ter um filho e um sítio...
Ele sente que nada mais no mundo será capaz de lhe dar essa paz que ele ainda não viveu, mas imagina... pois sente isso no fundo do coração onde a alma esconde os mais profundos dos desejos, imagina pois sente na pele uma vontade inexplicável de ser e de ser útil. Tudo que ele quer é ver o menino correndo pra lá e pra cá atrás das galinhas, observando um formigueiro, subindo nas árvores, andando descalço na terra firme e na areia que afunda... E quer ver o menino soltar pipa na grama verdinha do campinho cheia de orvalho, numa manhã ensolarada... num domingo talvez. E que neste domingo o céu esteja azul... tão azul quanto uma piscina limpa e fresca... e que esteja ventando um pouco, pro menino respirar o ar puro que as árvores tratarão de 'fazer'. Ele sente que nada poderá trazer paz equivalente a de ver o menino gritando seu nome e chamando-o para ver um casulo na parede da varanda do sítio. Ele sabe que não haverá no mundo emoção mais pura de ver a boca do menino suja, RINDO, com os dentes cheios de fiapos de manga, chupando a fruta doce na sombra da mangueira...


Quer ser chamado de pai.
Quer acalmar o choro e dizer 'shhhhiu pronto, passou'  para então entender quem sabe, o inexplicável

ouvir o silêncio de uma criança
sentir o cheiro que possuem as palavras quando vindas de bocas inocentes
Ter a vista do próprio eu espelhado e espalhado.
ver a beleza de um sentimento que é continuação do seu ser, do seu eu profundo...da alma.
Perpétuo inesperado do amor. Sempre esperado. Sempre desejado.

ele quer um sítio e um filho.
ser feliz.


(RMLAURELLI)

sexta-feira, 2 de julho de 2010

sutil

queria eu estar entre as flores

queria um dia talvez, entender tanta beleza!

'porque assim tão natureza?

tão cheia de vida,

água

e algumas outras substâncias

com um pouco de sentimento...

Onde foi parar a tua modéstia? Onde foi parar o seu orgulho?

as cores? somente as que o arco íris inveja.

o perfume? somente os que não se encontram nem nos menores frascos...
[aqueles frascos
       dos ditados...
dos pequenos frascos
               franceses...


sutil.

(RMLAURELLI)

segunda-feira, 14 de junho de 2010

domingo

e foi ontem num domingo frio às sete da noite, num domingo que é domingo por si só. Desesperador. Estava tudo normal até as angústias , a internet e a televisão. O difusor resolveu explodir e acabar com a energia do bairro todo e foi aí que percebi aquele céu! O mesmo céu que em todas as noites rotineiras é apenas breu,  ontem iluminava. Iluminava também uma sensibilidade em meio ao caos...Foi ontem que eu vi o que se sente e senti o que não se vê mais... (RMLAURELLI)

terça-feira, 25 de maio de 2010

TEXTO: Redação de Aluna do Curso de Letras da UFPE

Redação feita por uma aluna do curso de Letras, da UFPE Universidade Federalde Pernambuco (Recife), que venceu um concurso interno promovido peloprofessor titular da cadeira de Gramática Portuguesa.




Era a terceira vez que aquele substantivo e aquele artigo se encontravam noelevador. Um substantivo masculino, com um aspecto plural, com alguns anosbem vividos pelas preposições da vida. E o artigo era bem definido,feminino, singular: era ainda novinha, mas com um maravilhoso predicadonominal.Era ingênua, silábica, um pouco átona, até ao contrário dele: um sujeitooculto, com todos osvícios de linguagem, fanáticos por leituras e filmesortográficos. O substantivo gostou dessa situação: os dois sozinhos, numlugar sem ninguém ver e ouvir. E sem perder essa oportunidade, começou a seinsinuar, a perguntar, a conversar.O artigo feminino deixou as reticências de lado, e permitiu esse pequenoíndice. De repente, o elevador pára, só com os dois lá dentro: ótimo,pensouo substantivo, mais um bom motivo para provocar alguns sinônimos. Poucotempo depois, já estavam bem entre parênteses, quando o elevador recomeça ase movimentar: só que em vez de descer, sobe e pára justamente no andar dosubstantivo. Ele usou de toda a sua flexão verbal, e entrou com ela em seuaposto.Ligou o fonema, e ficaram alguns instantes em silêncio, ouvindo uma fonéticaclássica, bem suave e gostosa. Prepararam uma sintaxe dupla para ele e umhiato com gelo para ela. Ficaram conversando, sentados num vocativo, quandoele começou outra vez a se insinuar.Ela foi deixando, ele foi usando seu forte adjunto adverbial, e rapidamentechegaram a um imperativo, todos os vocábulos diziam que iriam terminar numtransitivo direto.Começaram a se aproximar, ela tremendo de vocabulário, e ele sentindo seuditongo crescente: se abraçaram, numa pontuação tão minúscula, que nem umperíodo simples passaria entre os dois. Estavam nessa ênclise quando elaconfessou que ainda era vírgula; ele não perdeu o ritmo e sugeriu uma ououtra soletrada em seu apóstrofo. É claro que ela se deixou levar por essaspalavras, estava totalmente oxítona às vontades dele, e foram para o comumde dois gêneros.Ela totalmente voz passiva, ele voz ativa. Entre beijos, carícias, parônimose substantivos, ele foi avançando cada vez mais: ficaram uns minutos nessapróclise, e ele, com todo o seu predicativo do objeto, ia tomando conta.Estavam na posição de primeira e segunda pessoa do singular, ela era umperfeito agente da passiva, ele todo paroxítono, sentindo o pronome do seugrande travessão forçando aquele hífen ainda singular. Nisso a porta abriurepentinamente. Era o verbo auxiliar do edifício. Ele tinha percebido tudo,e entrou dando conjunções e adjetivos nos dois, que se encolheramgramaticalmente, cheios de preposições, locuções e exclamativas. Mas ao veraquele corpo jovem, numa acentuação tônica, ou melhor, subtônica, o verboauxiliar diminuiu seus advérbios e declarou o seu particípio na história.Os dois se olharam, e viram que isso era melhor do que uma metáfora por todoo edifício. O verbo auxiliar se entusiasmou e mostrou o seu adjuntoadnominal. Que loucura, minha gente. Aquilo não era nem comparativo: era umsuperlativo absoluto. Foi se aproximando dos dois, com aquela coisamaiúscula, com aquele predicativo do sujeito apontado para seus objetos. Foichegando cada vez mais perto, comparando o ditongo do substantivo ao seutritongo, propondo claramente uma mesóclise-a-trois. Só que as condiçõeseram estas: enquanto abusava de um ditongo nasal, penetraria ao gerúndio dosubstantivo, e culminaria com um complemento verbal no artigo feminino.O substantivo, vendo que poderia se transformar num artigo indefinido depoisdessa, pensando em seu infinitivo, resolveu colocar um ponto final nahistória: agarrou o verbo auxiliar pelo seu conectivo, jogou-o pela janela evoltou ao seu trema, cada vez mais fiel à língua portuguesa, com o artigofeminino colocado em conjunção coordenativa conclusiva.

domingo, 9 de maio de 2010

574°

eu vou tentar satisfazer a noite e dormir chorando. porq as noites parecem adorar sonos complicados e de insônia. Estes que nunca me pegam pois tenho um cansaço em excesso, hoje parecem estar me esperando na porta do quarto ,ou até sentados na beira da cama. Agora sei do que você também é capaz. e eu vi o dia virar noite andando pelas ruas. Testei vários orelhoes publicos,mas na verdade o que não funcionou foi a tática. Nenhuma ligação atendida. isso me faz pensar.pensar em você HOJE é como, não saber expressar. é como tentar: cada vez que eu penso em ti, é como se eu recebesse um empurrão nas costas sem saber de quem veio. é como a cada lembrança de um beijo eu caísse na passarela. cada vez que você sorri, me sinto tendo que escolher entre matar a sede ou matar a fome . seu perfume na minha blusa sobe rápido e a cada vez que eu sinto o cheiro é como se estivesse respirando ar puro numa ponte em Veneza, às quatro da tarde.tambem sinto como se tivesse ganhado o primeiro pedaço do bolo de uma debutante, e  ainda como se tivesse achado 5 reais numa calça antiga.me sinto adoçando o café com sal ou fazendo brigadeiro de catupiry.TÁ TUDO ERRADO. Pensar em você agora é como ter o ar e não querer respirá-lo mas é também ter amor e não querer dá-lo. é bom e ruim, é magoa, rancor, odio, e vontade de te ver denovo e de te ter pra sempre ah como eu te quero,eu quero muito cuidar de você. HOJE me sinto como se jogasse um buquê de flores no rio. DOMINGO. já nao é bom. Hoje pior ainda.


constatado o 574°  sintoma da loucura:  o amor
me desculpa mesmo, eu te amo


(RMlaurelli)

quarta-feira, 7 de abril de 2010

home sweet home

...como se não bastasse o cadeado, logo depois do almoço me apareceu um resfriado tão forte que minha patroa me pediu educadamente 'por favor, vá pra casa. você precisa descansar'. Eu tenho a melhor patroa do mundo. Mas enfim...vamos direto ao assunto. O que me traz aqui no computador então? A minha saudade de casa. Tanta é a saudade do meu lar, faz tempo que não fico em casa atoa e se hoje estou aqui é porque estou muito mal . Já descansei. Hoje eu quiz aproveitar todos os cantos como fazia antes quando estava no colegial . Nunca senti tanto prazer em ficar em casa, meu pai como sempre não esta, esta trabalhando. Minha mãe esta no centro da cidade comprando toalhinhas para bordar e provavelmente pagando algumas contas,mas já deve estar voltando; quando cheguei minha irmã estava na internet enviando mensagens para o namorado que mora fora da cidade. Que delícia estar em casa... sinto falta disso. Todos sentem...Tive muito gosto e fiz de tudo um pouco (muito resfriada, quase com os olhos fechados e lacrimejavam como cachoeira) Sentei no sofá e liguei a tevê não para assistir. Fechei os olhos e ali fiquei ,com as pernas esticadas e um cobertor sobre mim, por uns quinze minutos. Nem dormi. Acho que fingi ,só pra sentir. Daí 'acordei' ! Fui pro meu quarto, tranquei a porta e deitei na cama, admirei o teto do meu quarto. E  por ali fiquei uns dez minutos, porque tinha muitos lugares a visitar nessa tarde,e o tempo em casa passa rápido. Visitei a outra sala da casa, coloquei um colchão no chão e deitei com meus gatos e fiz eles domirem. Levantei, fui na cozinha fiz um nescau morno para aquecer; já no banheiro peguei um pedaço de papel higiênico para possíveis espirros. Não tenho lenço não, não gosto. Sentei aqui porque apesar de resfriada preciso ler um livro para a prova, alias reler. The Happy Prince de Oscar Wilde. Mais tarde minha irmã fez um café e trouxe pra eu tomar, disse que era pra aquecer o corpo. Em dias normais estaríamos brigando mas hoje não é dia para brigas... até emprestaria uma roupa a ela se pedisse mas ela não vai sair ,quem sabe amanhã então ou quando ela precisar. Abri o youtube e chamei ela pra ver alguns vídeos engraçados e demos risadas juntas. Minha mãe acabou de chegar.pausa.

continuando: com aquele mesmo sorriso, me disse um 'oi' assustado por me ver em casa. Na mão,ela segurava uma sacolinha da loja de 1,99 que ela sempre passa pra comprar alguma bujiganga, antes de pegar o ônibus pra voltar pra casa. Eu e minha irmã curiosas voamos na sacolinha pra ver o que tinha e tinha uns plec- plecs da minnie pra prender a franja da minha irmanzinha pra ela ir pra escola, já que a franja cai no olho e a atrapalha. Mostrou as linhas novas que comprou também ,e já veio me perguntando qual cor combina pra bordar na toalha o nome 'gabriela' para a cliente que pediu.
Já já meu pai vai chegar e me dar a bênção. Minha pequena também vai chegar da aula. E eu agora vou tomar um banho pra ir pra faculdade fazer a prova. Meu namorado vem me buscar =)
e ai tudo volta ao normal.

Esse espírito de casa, lar doce lar,eu não tinha quando eu era uma adolescente ociosa. Hoje dou valor. Que saudades.
a nossa casa é o melhor lugar do mundo.
(RMLAURELLI)

vintage beauty

sábado, 3 de abril de 2010

crazy thing called love

Acho que vale a pena :

"O casal pré-histórico descoberto na Itália continuará em seu abraço de 5.000 anos. Os dois esqueletos, desenterrados na semana passada, serão retirados juntos da terra e passarão por exames antes de entrar em exibição na cidade de Mântua, informam arqueólogos.

Acredita-se que o par, sepultado no período neolítico, seja formado por um homem e uma mulher que morreram jovens, porque os dentes dos esqueletos estão intactos. Arqueólogos saudaram o achado, afirmando que sepultamentos duplos eram raros na época, e nenhum outro jamais havia sido encontrado numa pose tão sugestiva. Mântua fica perto de Verona, o cenário da peça Romeu e Julieta, de William Shakespeare, e desde a descoberta do casal a mídia italiana está cheia de especulações sobre o amor na Idade da Pedra.

Os pesquisadores afirmam que é realmente difícil atribuir a pose dos esqueletos a algo além de uma afeição profunda, mas advertem que será quase impossível determinar a natureza exata da relação entre os dois, ou as circunstâncias da morte.

O gabinete arqueológico de Mântua informa, em nota, que em alguns casos do período neolítico, a mulher era sacrificada quando o marido morria, e acabava sepultada com ele. Mas a nota destaca que não há, ainda, evidência dessa prática em relação ao casal recém-descoberto
."

people always leave



Se eu não tivesse orkut, não teria 'amigos'. É sim! Engraçado...se eu não procuro, ninguém fala comigo; se eu não pergunto, ninguém me pergunta. Eu sempre me preocupo e sempre corro atrás pra manter a amizade mas se eu não faço isso ninguém faz. Não é exagero da minha parte. Esse mês eu resolvi ignorar a minha preocupação com a vida alheia e não querer saber se 'estão bem' . Porque sempre que pergunto isso a resposta é 'estou bem e você?' (mesmo que não estejam bem, só pra acabar logo com o assunto e você que se foda com a sua preocupação! ) E DAÍ A CONVERSA NÃO PASSA! Respondem rápido, muito rápido se você perguntar quanto está o convite do churrasco que vai ter no final de semana, garanto. Se você comentar uma foto então logo vêm um 'obrigadaaaaa' . Mas isso pra mim não é amizade.

St. Exupery escreveu em 'O Pequeno Príncipe' : 'tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas' e é assim que eu penso. É assim que eu sou em relação as pessoas que amo. Eu gosto de saber se realmente estão bem, se estão felizes, o que andam fazendo... Adoro ser útil e AMO quando me pedem conselho, amo participar. Eu gosto é disso. Ou é ou não é.

E Shakespeare disse '...Aprende que não importa o quanto você se importe, algumas pessoas simplesmente não se importam...' e é assim que a maioria pensa. Infelizmente é assim que as pessoas são!

ah, deixa estar...

(rmlaurelli)

sexta-feira, 2 de abril de 2010

quinta-feira, 1 de abril de 2010

thoughts

Uma foto, um lugar, céu cinza, um corredor, um acidente, um nascimento, o instinto, uma sensação, uma flor, um dia ensolarado, uma gota, o silêncio, o escritório vazio, um documento antigo, uma assinatura, uma montanha, uma paisagem, o sorriso, a vontade...Tudo me faz refletir. Quero entender, decifrar, advinhar.

"por quê?por quê? por quê? "

Tenho um fluxo de pensamento que oh, acaba comigo! Fundamento respostas só pra aquietar a alma, entretanto, não é sempre que consigo...

é isso que acaba comigo, é isso que me atormenta


oh crazy thing called life. acho melhor eu dormir ou entro em depressão hahaa
(rmlaurelli)

the perfect day

terça-feira, 30 de março de 2010

to "outsiders"

artigo interessante vale muito a pena ler. tudo é válido!

"5 Tips For When You Feel Like An Outsider or Like You Don't Belong

What to do when you feel like you just don't fit in

by Catherine Pratt

Do you feel like an outsider, like you don’t belong anywhere or that you just don’t fit in?

I spent a lot of my life feeling like an outsider.The good news is that we’re in very good company. In reading autobiographies of some of themost famous people, one of thestatements you’ll commonly see is, “I felt like an outsider.” People like: Nicole Kidman, Anthony Hopkins, Walt Disney, and Maria Shriver are just a few. Even Tom Cruise was teased as a child because he had dyslexia and so felt he didn’t fit in.I also just read a short autobiography on Ronnie Burkett. Ronnie has been declared “a genius” in some circles for his amazing theatre work using puppets. I saw one of his shows awhile back and they truly are heart wrenching as well as thought provoking. Turns out, the only reason he discovered this talent was because at the age of 7 he felt like an outsider and ended up reading the encyclopedia because he was so unhappy. One of the articles that captivated him was on puppets and thus started a whole new life for Ronnie.While it’s good to know we’re in good company, it also helps to know how to deal with these feelings.
Here are 5 tips for when you feel like an outsider or that you just don’t belong anywhere.
1. Don’t Be So Hard on Yourself
Often, it’s really only your own mind and emotions that tell you that you don’t fit in. You may actually fit in fine, you just feel like an outsider. It definitely doesn’t mean there’s anything wrong with you. As Eleanor Roosevelt said, “Nobody can make you feel inferior without your consent.”
It’s important to know that feeling like you don’t belong isn’t always a bad thing either. A lot of famous celebrities say that being an outsider actually helped them. It allowed them to concentrate on their own ambitions and goals without feeling like they had to conform to other people's standards. They already felt like they didn’t fit in so could do their own thing.Remember, it’s the people that are unique in this world that make the biggest impact and usually have something truly special to provide.
You don’t want to change yourself just to fit in with acertain group of people. That's where a lot of people go wrong. They end up wanting to gain approval from others and end up losing themselves in the process. You have so much more to offer by being true to yourself.

sexta-feira, 26 de março de 2010

...


impressionante como tem pessoas que tem o dom de expressar o que agente não consegue, nesse caso... nesse dia e nessa foto... essa frase:

"...naquele dia fazia um azul tão límpido, Meu Deus, que eu me sentia perdoado pra sempre não sei de quê." (mário quintana)

quinta-feira, 25 de março de 2010

identifico muito.


"Eu nunca fui uma moça bem-comportada. Pudera, nunca tive vocação pra alegria tímida, pra paixão sem orgasmos múltiplos ou pro amor mal resolvido sem soluços. Eu quero da vida o que ela tem de cru e de belo. (...) Sou dramática, intensa, transitória e tenho uma alegria em mim que quase me deixa exausta. Eu sei sorrir com os olhos e gargalhar com o corpo todo. Eu sei chorar toda encolhida abraçando as pernas. Por isso, não me venha com meios-termos, com mais ou menos ou qualquer coisa. Venha a mim com corpo, alma, vísceras, tripas e falta de ar.... Eu acredito é em suspiros, mãos massageando o peito ofegante de saudades intermináveis, em alegrias explosivas, em olhares faiscantes, em sorrisos com os olhos, em abraços que trazem pra vida da gente. Acredito em coisas sinceramente compartilhadas. Em gente que fala tocando no outro, de alguma forma, no toque mesmo, na voz, ou no conteúdo. Eu acredito em profundidades. E tenho medo de altura, mas não evito meus abismos. São eles que me dão a dimensão do que sou." (M. de Queiroz)

...

eu estava na aula, prestando atenção nas pessoas.. nas que já tenho alguma intimidade e nas que ainda não tive a oportunidade. Essa frase me veio na cabeça como um insight, uma luz, e ficou ficou... tenho que registra-la aqui, mas sem explicações.A reflexão foi muito intensa. Acredito que ela fala por si :

" ...quanto às pessoas, trato-as como música. Sempre espero chegar o refrão. "
(Rúbia Mendes Laurelli)

terça-feira, 9 de março de 2010

artimanha






Esta redação foi destacada pela Professora Doutora Elisa Guimarães (corretora de redações da FUVEST) ontem em uma palestra para os estudantes de Letras da Universitas - Fepi como exemplo de criatividade . Infelizmente não sei o nome do autor. Contudo, vale a pena ler...


Escrever...

Um aluno diante da prova de redação do vestibular, praticamente paralisado. Um cronista conhecido debruçado, às três da manhã, sobre a folha que, embora ainda vazia, deverá estar cheia e bem cheia (qualitativamente falando), sobre a mesa de um editor em menos de cinco horas. O que duas figuras tão diferentes, porém tão igualmente angustiadas, têm em comum? Simples. Ambos têm um trabalho de Hércules a cumprir: escrever!
A dificuldade de escrever tem sido tema de um número não muito pequeno de autores, alguns anônimos, outros conhecidos e reconhecidos. São raros os autores que nunca tenham feito referência, mesmo que sutil, a essa missão quase impossível que é escrever.
As preocupações variam. Nós, pobres mortais, temos preocupações básicas: a gramática, a estrutura, o tema, o título. Ah, o título! Este é o campeão das preocupações do "escritor pobre mortal". Por isso, não é raro nos esquecermos dele, sintoma de algum processo de rejeição... Talvez a psicanálise explique...
Por outro lado, existem as preocupações mais apuradas, aquelas a que se dedicam os grandes mestres da arte: a métrica, a forma, o estilo. O cuidado com as figuras de linguagem, já que qualquer erro pode transformar um pleonasmo de figura em vício de linguagem por excesso de repetição. São perigosos os caminhos da Língua.
Mas há uma preocupação que é fundamental, que atinge indistintamente todos os autores (ou similares), que é o leitor. O leitor aparece em todos os pesadelos do autor, seja o leitor anônimo das grandes bibliotecas, ou o corretor da redação do vestibular (este principalmente). O leitor é o X da questão , é aquele a quem devemos nos dirigir e, no entanto, não sabemos quem é, o que pensa, ou o que espera de nós. Pensando nisso, podemos chegar a uma conclusão bastante interessante. Não é à toa que grandes nomes de nossa literatura se utilizam do leitor virtual. Isso o torna, se não íntimo, pelo menos conhecido. O que, convenhamos, já é alguma coisa.
É, a arte de escrever necessita mais que arte. necessita manha, Arte e manha. Artimanha.