terça-feira, 25 de maio de 2010

TEXTO: Redação de Aluna do Curso de Letras da UFPE

Redação feita por uma aluna do curso de Letras, da UFPE Universidade Federalde Pernambuco (Recife), que venceu um concurso interno promovido peloprofessor titular da cadeira de Gramática Portuguesa.




Era a terceira vez que aquele substantivo e aquele artigo se encontravam noelevador. Um substantivo masculino, com um aspecto plural, com alguns anosbem vividos pelas preposições da vida. E o artigo era bem definido,feminino, singular: era ainda novinha, mas com um maravilhoso predicadonominal.Era ingênua, silábica, um pouco átona, até ao contrário dele: um sujeitooculto, com todos osvícios de linguagem, fanáticos por leituras e filmesortográficos. O substantivo gostou dessa situação: os dois sozinhos, numlugar sem ninguém ver e ouvir. E sem perder essa oportunidade, começou a seinsinuar, a perguntar, a conversar.O artigo feminino deixou as reticências de lado, e permitiu esse pequenoíndice. De repente, o elevador pára, só com os dois lá dentro: ótimo,pensouo substantivo, mais um bom motivo para provocar alguns sinônimos. Poucotempo depois, já estavam bem entre parênteses, quando o elevador recomeça ase movimentar: só que em vez de descer, sobe e pára justamente no andar dosubstantivo. Ele usou de toda a sua flexão verbal, e entrou com ela em seuaposto.Ligou o fonema, e ficaram alguns instantes em silêncio, ouvindo uma fonéticaclássica, bem suave e gostosa. Prepararam uma sintaxe dupla para ele e umhiato com gelo para ela. Ficaram conversando, sentados num vocativo, quandoele começou outra vez a se insinuar.Ela foi deixando, ele foi usando seu forte adjunto adverbial, e rapidamentechegaram a um imperativo, todos os vocábulos diziam que iriam terminar numtransitivo direto.Começaram a se aproximar, ela tremendo de vocabulário, e ele sentindo seuditongo crescente: se abraçaram, numa pontuação tão minúscula, que nem umperíodo simples passaria entre os dois. Estavam nessa ênclise quando elaconfessou que ainda era vírgula; ele não perdeu o ritmo e sugeriu uma ououtra soletrada em seu apóstrofo. É claro que ela se deixou levar por essaspalavras, estava totalmente oxítona às vontades dele, e foram para o comumde dois gêneros.Ela totalmente voz passiva, ele voz ativa. Entre beijos, carícias, parônimose substantivos, ele foi avançando cada vez mais: ficaram uns minutos nessapróclise, e ele, com todo o seu predicativo do objeto, ia tomando conta.Estavam na posição de primeira e segunda pessoa do singular, ela era umperfeito agente da passiva, ele todo paroxítono, sentindo o pronome do seugrande travessão forçando aquele hífen ainda singular. Nisso a porta abriurepentinamente. Era o verbo auxiliar do edifício. Ele tinha percebido tudo,e entrou dando conjunções e adjetivos nos dois, que se encolheramgramaticalmente, cheios de preposições, locuções e exclamativas. Mas ao veraquele corpo jovem, numa acentuação tônica, ou melhor, subtônica, o verboauxiliar diminuiu seus advérbios e declarou o seu particípio na história.Os dois se olharam, e viram que isso era melhor do que uma metáfora por todoo edifício. O verbo auxiliar se entusiasmou e mostrou o seu adjuntoadnominal. Que loucura, minha gente. Aquilo não era nem comparativo: era umsuperlativo absoluto. Foi se aproximando dos dois, com aquela coisamaiúscula, com aquele predicativo do sujeito apontado para seus objetos. Foichegando cada vez mais perto, comparando o ditongo do substantivo ao seutritongo, propondo claramente uma mesóclise-a-trois. Só que as condiçõeseram estas: enquanto abusava de um ditongo nasal, penetraria ao gerúndio dosubstantivo, e culminaria com um complemento verbal no artigo feminino.O substantivo, vendo que poderia se transformar num artigo indefinido depoisdessa, pensando em seu infinitivo, resolveu colocar um ponto final nahistória: agarrou o verbo auxiliar pelo seu conectivo, jogou-o pela janela evoltou ao seu trema, cada vez mais fiel à língua portuguesa, com o artigofeminino colocado em conjunção coordenativa conclusiva.

domingo, 9 de maio de 2010

574°

eu vou tentar satisfazer a noite e dormir chorando. porq as noites parecem adorar sonos complicados e de insônia. Estes que nunca me pegam pois tenho um cansaço em excesso, hoje parecem estar me esperando na porta do quarto ,ou até sentados na beira da cama. Agora sei do que você também é capaz. e eu vi o dia virar noite andando pelas ruas. Testei vários orelhoes publicos,mas na verdade o que não funcionou foi a tática. Nenhuma ligação atendida. isso me faz pensar.pensar em você HOJE é como, não saber expressar. é como tentar: cada vez que eu penso em ti, é como se eu recebesse um empurrão nas costas sem saber de quem veio. é como a cada lembrança de um beijo eu caísse na passarela. cada vez que você sorri, me sinto tendo que escolher entre matar a sede ou matar a fome . seu perfume na minha blusa sobe rápido e a cada vez que eu sinto o cheiro é como se estivesse respirando ar puro numa ponte em Veneza, às quatro da tarde.tambem sinto como se tivesse ganhado o primeiro pedaço do bolo de uma debutante, e  ainda como se tivesse achado 5 reais numa calça antiga.me sinto adoçando o café com sal ou fazendo brigadeiro de catupiry.TÁ TUDO ERRADO. Pensar em você agora é como ter o ar e não querer respirá-lo mas é também ter amor e não querer dá-lo. é bom e ruim, é magoa, rancor, odio, e vontade de te ver denovo e de te ter pra sempre ah como eu te quero,eu quero muito cuidar de você. HOJE me sinto como se jogasse um buquê de flores no rio. DOMINGO. já nao é bom. Hoje pior ainda.


constatado o 574°  sintoma da loucura:  o amor
me desculpa mesmo, eu te amo


(RMlaurelli)