quinta-feira, 31 de março de 2011

me lembro




fui jovem



quando colori as nuvens



e mudei algumas estrelas de lugar



sem permissão



me lembro que inalei algumas cores do arco-íris



e respirei cintilâncias frescas



Tomei porre de olhar flores,



as flores do jardim que não era o da minha casa, mas era jardim.



Sem permissão



Delirei no céu



Aí sim, fui jovem



Quando me droguei de pôr-do-sol



Tanto foi o êxtase que tive overdose



de luz e paz, em overdose



Aí sim fui jovem.



Querendo ser jovem, dirigi por muito tempo em alta velocidade, arrancando todo o ar do meu caminho



Arrancando toda cerca, cerca de arvores



e quebrei muros e barreiras de carne viva, de pessoas e circunstancias.



Para ser mais jovem dirigi na contramão



Sem permissão



ingatei a ré, eternamente



querendo voltar



a ser neném na barriga



da mamãe



Agora sim, sou jovem

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