segunda-feira, 15 de agosto de 2011

capricho

Como se não bastasse a mania de mencionar carnavais nas coisas que eu escrevo, agora invoquei com ônibus. Isso acontece. Enfim. Entrei no ônibus esses dias e o estava quase vazio, finalmente! Havia apenas um senhor, um velhinho, como sempre digo com todo respeito, porque não acho que ser velhinho seja mal algum, e sei que minha juventude caminha para essa experiência, de ser mais experiente. No Brasil é lei que haja nos ônibus assentos especiais para idosos, obesos , gestantes, e deficiêntes físicos. Bom lembrar que se não fosse lei, não haveria essa distinção. Aqui na minha cidade os ônibus prestam esse serviço, mesmo que precário. Podia ser melhor. O velhinho estava no banco normal, que é duro e com divisórias. Banco normal para jovens e adultos que aguentam a rotina, por bem ou por mal, da escola ou do serviço. E, por o velhinho não estar no lugar especialmente reservado a ele, foi lá que me sentei, e confesso, sempre que tenho oportunidade, é ali mesmo que me sento. No banco especial. Ele ali mais jovem que eu, e eu idosa. Ele recusando os melhores tratamentos e eu optando por eles. Eu, velhinha. Sentei no banco especial e sei que serei deficiente de explicações mais convincentes para argumentar o porque de sentar-me ali. Sento-me porque preciso de um espaço que não tenha divisórias, que acomode inteiramente eu e meu cérebro obeso, obeso de pensamentos ociosos, criativos, benéficos, instantâneos e contraditórios. Sento-me porque sou obesa de explicações que não precisavam existir nem em pensamento, explicações que não precivavam ser dadas a ninguém, no entanto faço isso a todo momento. Obesa, toltalmente acima do peso de tantos pensamentos que se concentram no cérebro formando pneuzinhos de dúvidas que eu nunca farei um abdominal sequer para tirá-los de mim. Porque é disso que sou feita, e assim quero ser o resto da vida. Sento-me lá, no banco especial, porque sou gestante de dúvidas que não param de nascer. Gestante de ideias que descobri há uma semana, ideias de três meses de gestação, outras de nove meses Sou gestante prestes a dar a luz a qualquer momento de dúvidas perfeitamente deficientes, e  por isso únicas. Ah, chega de mentir, me sentei lá porque não tinha mais ninguém. Só por isso. 

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