segunda-feira, 15 de agosto de 2011

desperdício

Você está lá tomando seu banho, lavando seu cabelo usando um shampoo e está tudo bem. Você sabe que embora tenha que dar uns trancos no shampoo, se fizer isso a quantidade será suficiente para lavar o seu cabelo perfeitamente. Você se dá conta que o shampoo está quase acabando e então coloca ele no canto do box, porque acha uma chatisse ter que fazer o resto do shampoo sair, e também porque você sabe que tem um shampoo novinho na prateleira. Aí você pega o shampoo novo, cheio, que você mal precisa apertar e sai aquela quantidade enorme de shampoo, que escorre da sua mão para o braço, uma quantidade tão grande, muito mais do que você precisa, mais do que suficiente para lavar o cabelo que você precisa até fazer uma sucção. Mas você se sente bem, lava o cabelo, sem miséria, se esbanja de espuma, sem esforço, porque sabe que tem bastante shampoo, sabe que tem mais do que o necessário. Esse shampoo novo é shampoo ainda para dias e dias. E ainda mais, todo mundo fala que esse shampoo é bom, e você sabe que todo mundo está falando isso então você também quer usar, quer dar sua opnião. O shampoo que passa na propaganda da novela das oito. Até que esse shampoo, como o que você havia descartado e colocado no canto do box, começa a acabar também com o passar dos dias. Então você começa a se preocupar, a racionalizar, porque esse shampoo também está acabando. Olha para o canto do box e certifica que o shampoo antigo ainda está ali para te salvar no momento de necessidade, olha pra ele pensando que ali ainda tem o que você precisa, pouco, mas tem. Sabe que ali ainda tem shampoo, só não é o shampoo que você quer no momento. Nos próximos dias continua a usar o outro, acrescenta água faz render até o fim, mas ele não lava mais o seu cabelo. E acaba. O shampoo novo acaba-se totalmente. O shampoo novo, da embalagem bonita que não serve mais, pois está vazio. Você se volta novamente para o canto do box, que ali estava dias e dias, esperando talvez para ser usado, e pensa “ainda bem que tenho esse aqui”. Respira aliviadamente. De repente você nota que ele está vazio, completamente vazio, e se desespera totalmente porque você precisa dele naquele momento, seu cabelo já está molhado. Alguém usou antes que você pudesse usar. Alguém notou o shampoo do canto do box antes que você pudesse voltar a querê-lo. Você se vê sem o shampoo novo, e sem o shampoo do canto do box. E pensa que tudo que você mais precisa naquele momento era aquele shampoo, aquela quantidade pouca que havia no shampoo do canto do box, e percebe tardiamente que aquela quantidade seria o suficiente para você. E você não precisaria de mais nada para ter um cabelo limpo, e até cheiroso. E nota, tardiamente, que o shampoo nem precisaria ser o da embalagem mais bonita, o do preço nem o do preço mais alto. Aí você vê a falta que faz um shampoo.




Situação corriqueira. Shampoos, pessoas. Pessoas, shampoos. E é só isso mesmo.

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