segunda-feira, 15 de agosto de 2011

par perfeito

ele diz que ama, ela diz que ama infinitamente mais




ele aperta o pescoço dela, ela pede pra apertar um pouco mais



ela mente, ele pede pra que ela minta mais uma vez



ele perdoa, ela exige o perdão só mais uma vez



ela perdoa, ele faz de novo



ele faz de novo e se transforma sozinho, diz que mudou, que não é o mesmo



ela se comove e depois se envolve



(com coisas que só ela sabe)



e no relacionamento a dois, três é o mínimo



e a culpa vai para a primeira pessoa que passar na frente com a cara limpa



e se não tiver antecedentes, e se for loira, e se for a melhor amiga



não importa! a culpa nela que não fica…



Separados armam tocaias



Juntos bolam planos



dignos de novela mexicana



e pensam que são imperceptíveis



e pensam que ninguém mais sabe jogar, além deles mesmos (grande erro)



Passam um por cima do outro



e passam por cima de todos os orgulhos



e recomeçam pela porta dos fundos



e varrem toda poeira para debaixo do tapete



e vestem o melhor sorriso



e excluem de suas vidas as pessoas, como se deletassem um e-mail



e sorriem com os dentes mais brancos



e engolem salivas secas



e suprimem pensamentos



e exteriorizam todas as raivas



e desfilam com a única capa vermelha da cidade



a capa da alegria de muitos



-que cobre toda a insatisfação do passado,



que cobre todo o amor abalado



como se hoje tudo estivesse superado



e seguem juntos no mesmo objetivo



nem sabem ao certo de quê, talvez o amor infinito



amor que nem sabem se têm



amor que não sabem se perderam



no meio do quarto dele



ou no meio da faculdade dela



Na hora da raiva viram diretores de teatro



decidem a cena



os personagens



se esquecendo que o teatro é ao vivo



e que há possibilidades de que algo não vá como no ensaio



e não sabem como lidar com isso,



passam a culpa pro próximo como se fosse uma bola



Novamente



trocam juras de amor,



mas querem provas de um acontecido



telefonemas



visitas inesperadas



esclarecimentos



Um acusa o outro



um defama o outro



e os dois se amam assim,



de um jeito que



mais humano não poderia ser.



Porque o ser humano não sabe amar.



Sabe fingir.



(Boa sorte para vocês dois, de coração… Mas não me liguem mais! Não me procurem mais! Esqueçam o endereço da minha casa! E continuem o casal mais bonito da cidade!)

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